35% dos casais não sabem quanto o parceiro ganha
09/04/15

35% dos casais não sabem quanto o parceiro ganha

1962319282O hábito de não saber o quanto é o salário do marido ou da esposa pode trazer sé rias consequé ncias para a vida financeira do casal. Uma pesquisa realizada pelo Serviço Central de Prote é o ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz mostrou que 35% dos casais no Brasil não conhecem ao certo quanto é o valor da renda mensal do companheiro. O mesmo estudo aponta que quase 70% das famílias brasileiras não conversam abertamente sobre os gastos e as receitas da casa.

A transparé ncia é menos expressiva ainda quando se trata das despesas pessoais. Um em cada quatro entrevistados (25%) não compartilha seus gastos pessoais com outros membros da família. De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados da pesquisa revelam que as mulheres se mostram ainda mais reservadas. “De acordo com a pesquisa, 39% delas não revelam suas contas pessoais aos parceiros”, segundo ela.

Conforme Marcela, a pesquisa mostrou também que em geral as mulheres costumam omitir gastos com roupas (60%), calé ados (42%) e acessérios (40%). Já os homens tem o hábito de não revelar os valores dos gastos com saé das para bares, cinemas, teatro e restaurantes (40%), além dos gastos com carros, motos (41%), cigarros e bebidas (19%).

“As famílias tem uma vida conjunta, mas não tem uma vida financeira conjunta. Conversar sobre dinheiro é chato, é um tabu”, afirmou a economista. Muitas vezes, observa ela, o sonho do casal não é conjunto. Para ela, o percentual de 35% dos casais que não conversam sobre dinheiro é preocupante, até porque, sé vé o acabar fazendo isso em um momento ruim. “A conversa acontece quando um dos dois está com dé vida”, disse.

Ela disse que a conversa sobre a parte financeira da casa não precisa ser formal. “Quanto mais natural, mais fácil é essa conversa e faz parte do dia a dia”, comentou. “As pessoas passam 40 horas semanais ganhando dinheiro e pouco tempo olhando para isso de forma cautelosa”, alertou.

Segundo Marcela, não precisa necessariamente o casal ter uma conta conjunta, mas uma vida financeira conjunta para que tudo ande dentro do oré amento. Ela disse que também é preciso os dois saberem onde estão os gastos. O último passo seria fazer poupané a para um objetivo em comum.

Ela sugere que, em primeiro lugar, os casais conversem com sinceridade. Depois fazer uma planilha em comum e traé ar objetivos em comum. “A mudané a pode ser feita aos poucos, mas tem que ser um hábito”, disse.

O economista e professor da Pontifé cia Universidade Caté lica do Parané (PUC) de Londrina e da Faccar de Rolé ndia, Mé rcio Massaro, concorda que o assunto finanças em casa é um tabu. Até porque, segundo ele, a partir da dé cada de 1990 a mulher come ou a participar mais do mercado de trabalho e o homem não tem sido o é nico provedor. “A mulher está participando e, muitas vezes, de igual para igual com o homem”, disse. “Enquanto o casal não se enxerga junto, não planeja para o próximo ano ou mesmo para a aposentadoria. Isso é pé ssimo para a vida futura do casal e atrapalha a vida conjugal”, disse.

Ele também acredita que a conta conjunta é uma escolha do casal, mas não é apenas isso que vai fazer a diferené a. “Os casais não sabem no que gastam. Quando centraliza (a receita) se tem ideia do que ganha e do que gasta”, disse. Para ele, o pior é não saber quanto gasta e desprezar os valores menores do dia a dia. No entanto, ter uma conta bancé ria sé diminui os custos e é fácil de administrar.

Ter uma organização financeira ajuda o casal a fazer planos juntos e um come a a policiar o outro. Massaro disse que pode ser definido um valor mensal para gastos pessoais. “O assunto finanças não é prazeroso, mas é essencial para o futuro do casal”, afirmou.

A primeira recomendação dele é que o casal não tenha medo de sentar e conversar. O importante é ser franco e dizer quanto ganha, segundo Massaro. E, em seguida, fazer um levantamento de todos os gastos. E a poupané a em comum pode ser na forma de uma previdência privada ou outra aplicação que o casal considerar mais adequada.