16/08/13

5 verdades sobre educação financeira para contar ao seu filho

 Boa parte dos leitores do Dinheirama era criança no período da superinflação, entre as décadas de 80 e 90. Poucos talvez se lembrem de como era complicado ter qualquer tipo de controle ou planejamento financeiro naquele período. A inflação era tão alta que os reajustes de preços aconteciam em alguns casos mais de uma vez em um mesmo dia.

A imagem dos remarcadores de preços marcou meu crescimento. Afirmo, sem medo, que nossos pais foram verdadeiros heróis. Chegamos até aqui e hoje celebramos, a partir do Plano Real (em 1994), uma realidade diferente. Atualmente, a inflação voltou a fazer parte do noticiário econômico, mas não chega nem perto dos índices daquela época.

Hoje, a nossa geração vive em um país diferente e com novos desafios: temos que aprender a lidar com o crédito, com juros relativamente baixos (para o padrão brasileiro), escolher entre uma gama variada de produtos de investimentos e, de quebra, felizmente lidar com uma expectativa de vida maior (não soa prudente confiar apenas na Previdência Social para manter nosso padrão de vida na aposentadoria).

Basta olharmos para trás para percebermos como o país está diferente. Essa constatação vem com um problema sério: não tivemos com quem aprender a lidar com essa realidade. Na época dos nossos pais (lá nas décadas de 80 e 90), o natural era consumir o mais rapidamente possível para manter o poder de compra do dinheiro. Investimento era sinônimo de comprar imóveis e aplicar na caderneta de poupança – e comprar a casa era a única alternativa de felicidade.

Os tempos mudaram…

Se nós não tivemos com quem aprender a lidar com esse Brasil de hoje, felizmente temos a oportunidade e responsabilidade de prepararmos nossos filhos para o futuro, afinal, muitos que nos acompanham agora já são pais e convivem com as mudanças e oportunidades para o futuro.

Para facilitar seu trabalho, preparei cinco importantes dicas que considero importantes e que, espero, sejam passadas para seu filho para que ele saiba lidar melhor com o dinheiro e faça parte de um país mais rico e feliz. Vamos a elas.

1. Fale de dinheiro também quando ele não for um problema

Muitas pessoas cometem um erro grave ao não falar sobre dinheiro. A falta de diálogo e interesse em relação às finanças fazem com que o assunto “exploda” quando as coisas ficam insustentáveis – quando não há mais como fugir do assunto, o dinheiro surge como um problema, o vilão perfeito.

Explique a seu filho como se deve lidar com o dinheiro incentivando a conversa em casa sobre os sonhos da família. A mesada pode ser uma aliada valiosa, pois poderá exemplificar que tudo tem um preço e que para realizar os sonhos a melhor maneira é poupar, pouco a pouco, para chegar lá.

2. Explique que não se pode ter tudo já

A prender a falar “Não” é muito importante, mesmo sendo esta uma tarefa mais difícil para os pais. Quando mostramos aos filhos que nem sempre é possível ter tudo rápido, deixamos claro que durante a vida ele vai precisar lidar com a frustração e que saber esperar é parte de uma jornada em busca de uma grande recompensa.

Valorize mais os hábitos que ensinem a paciência, a disciplina e o respeito por valores e princípios familiares. Lidar com a frustração só será uma experiência enriquecedora se seus filhos entenderem que isso é parte do processo de amadurecimento, portanto use suas histórias e exemplos para deixá-lo tranquilo sobre o desdobramento de suas escolhas.

3. Aprenda e fale de investimentos que vão além da caderneta de poupança

A caderneta de poupança é o investimento mais popular do país. A remuneração da caderneta de poupança hoje representa 70% da taxa Selic (segundo regra válida para quando a Selic estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano) mais TR. No atual cenário econômico, com a inflação ultrapassando os 6%, a rentabilidade da caderneta de poupança está na casa dos 4,25% ao ano. De maneira geral, que quem aplica na caderneta de poupança vê seu dinheiro “perder” para a inflação.

O mais intrigante é que, ainda assim, a cada novo mês a caderneta de poupança bate recordes de captação. É claro, a caderneta de poupança não é o pior dos investimentos, mas ao contrário da época de nossos pais, não é mais a única, nem a melhor alternativa para quem quer começar. É hora de buscar produtos diferentes, inclusive os de renda variável – esta transformação será muito importante para o futuro dos investimentos da família.

4. Ensine com exemplos e não apenas com as palavras

Quando o assunto é educação financeira, a conhecida frase “Faça o que eu falo e não o que eu faço” não funciona. As crianças enxergam nos pais seus heróis, exemplos daquilo que querem ser no futuro.
É simples. Quando falamos para os filhos que precisamos economizar porque a situação não está das melhores e mesmo assim continuamos comprando sem planejamento, usando cheque especial e cartão de crédito sem critério, sinalizamos que o consumo consciente não é importante. A mensagem que passamos aos pequenos é: “Não temos dinheiro, mas isso não é um problema porque podemos usar o crédito a qualquer momento”. Muito cuidado!

5. Valorize a qualidade de vida e não apenas a quantidade de dinheiro

É muito comum em palestras e conversas com os amigos ouvir pessoas dizendo que “o dinheiro não é o que determina se uma pessoa é ou não feliz”. Eu concordo com essa afirmação, mas faço um complemento que considero fundamental: o dinheiro não traz felicidade, mas saber lidar com ele de forma inteligente e organizada é indispensável para desfrutar dela.

Já vi de perto muita gente que tinha altos salários e, ainda assim, vivia endividada e sem dinheiro para nada, muito menos para algum momento de lazer. Aos poucos, essa sensação começa interferir na vida de uma maneira cruel e devastadora. Muitos relacionamentos terminaram ou estão em crise por que não existia a percepção de que só o amor não é suficiente para pagar contas e nos aproximar de nossos sonhos.

Vamos pensar melhor nisso tudo?

Uma coisa é certa: o futuro chega bem rápido. Nós falamos do passado e temos a impressão de que “foi ontem”, tamanha a “velocidade” dos dias de hoje. Temos a oportunidade de transferir nosso conhecimento através do exemplo para, no futuro, termos uma geração mais bem preparada e disposta a criar uma sociedade consciente sobre o consumo.

A maneira como se relacionam com o dinheiro e cada um de nós é fundamental para criarmos condições de vida melhores para nossos filhos. Você já parou para pensar no que ensina aos seus filhos em relação ao dinheiro? Tem exemplos para compartilhar conosco? Deixe sua opinião no espaço de comentários abaixo. Até a próxima.