04/10/13

6 dicas para você finalmente parar de gastar dinheiro e toa

Seria muito bom se existisse um plano mirabolante para mudar antigos maus hábitos da noite para o dia. Mas, a realidade mostra que para perder 20 quilos, parar de fumar etc. é preciso fazer uma mudança profunda. Ainda que os esforços possam ser enormes, as recompensas podem ser significativas. Assim como ao perder peso, algumas pessoas mudam de trabalho e até de cônjuge, uma mudança na relação com os gastos pode não só trazer benefícios na sua relação com as finanças, mas na sua vida como um todo.
 
Entrevista com Fabio Sousa, sócio da consultoria financeira FTN e autor do livro “Como Passar de Devedor a Investidor”, e com a psicóloga Tatiana Filomensky, coordenadora do atendimento de pacientes com Compras Compulsivas do Ambulatório dos Transtornos do Impulso (AMITI) do Instituto de Psiquiatria da USP para selecionar algumas dicas de como gastar menos e ter uma vida financeira mais saudável. Veja a seguir:
 
1. Entenda por que você está gastando mais do que deve
 
O consumo excessivo muitas vezes está ligado a fatores emocionais. Por isso, refletir sobre os motivos que o levam a gastar sem limites pode ser um bom começo para solucionar o problema. “Para gastar menos é preciso identificar o que está te fazendo consumir desse jeito. Muitas pessoas se permitem gastar mais do que podem porque estão em um momento frágil ou porque encaram o consumo como uma busca de prazer e como uma forma de se sentir melhor em determinado meio”, afirma Tatiana Filomensky. 
Ao entender que você compra quando considera que seu dia foi muito difícil no trabalho, por exemplo, é possível refletir e se dar conta de que sua receita não aumenta na mesma proporção dos gastos para cada dia díficil que você tem. Portanto, gastar mais por isso não faz sentido. Ou você pode perceber que o problema está na sua insatisfação com o trabalho e que resolver isso será mais eficaz do que cortar seus cartões de crédito.
 
2. Anote todos os seus gastos, sem exceção
 
“Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. A frase do físico irlandês William Thomson resume a importância de colocar todos os gastos no papel.
Conforme Fabio Sousa explica, ao anotar até os cafézinhos é possível entender exatamente qual é o destino do seu dinheiro e então fazer melhores escolhas sobre como gastá-lo, evitando o consumo desnecessário. “Ao perguntar a uma pessoa tudo que ela gasta por mês, a primeira impressão é que deveria sobrar dinheiro, mas não sobra porque muitos gastos fogem da nossa cabeça”, diz.
Para facilitar esse controle, Sousa sugere o uso de uma planilha que inclua não só os gastos, como todo o seu planejamento financeiro. No site da FTN, na página sobre seu livro, ele disponibiliza para download um modelo de planilha gratuita.
 
3. Contabilize gastos parcelados como uma única parcela
 
Sousa também sugere que, na planilha de gastos, mesmo as compras parceladas sejam contabilizadas como uma compra à vista. Por exemplo, a compra de uma televisão de 1.000 reais, parcelada em 10 vezes de 100 reais, seria registrada na planilha do mês em que a compra foi feita como um gasto de 1.000 reais. Ao reservar em um mês 1.000 reais restariam no mês seguinte 900 reais, no outro 800 reais e assim por diante.
Caso não seja possível reservar todo o valor naquele mês, é um sinal de que a compra deve ser postergada. E caso a compra seja extremamente necessária, mas não haja dinheiro para pagá-la de uma vez, então a sugestão de Sousa é anotar na planilha o gasto todo, registrando que ele deixou seu controle negativo, para que no mês seguinte outros gastos sejam cortados e a situação volte a ficar positiva. “Se o pagamento à vista não oferecer desconto, a vantagem desse procedimento é permitir que aqueles 900 reais reservados cubram uma eventual entrada no cheque especial no mês seguinte. O dinheiro vai estar lá como um colchão financeiro”, diz.
 
4. Entenda que ao evitar um gasto agora, você pode ganhar muito depois
 
Evitar gastos por evitar pode ser muito mais difícil do que cortar os gastos para atingir um objetivo. “A pessoa precisa basicamente pensar se ela quer mais o prazer imediato ou a tranquilidade a médio e longo prazo. Assim, ela consegue aprender a administrar vontades e evitar o consumo que não faz sentido”, afirma Fabio Sousa. “Quando falamos de investimentos, não estamos fazendo nada mais do que falar sobre deixar de comprar agora o que não é tão importante para comprar coisa melhor no futuro”, completa.
 
5. Não compre nada imediatamente
 
Outra maneira de contornar o ímpeto de consumir, segundo Sousa, é não fazer a compra imediatamente. “Quando a pessoa sente vontade de comprar algo que não estava planejado, ela não deve fazer a compra naquele momento. Ela deve dar uma volta e pesquisar mais preços em outros lugares, ou esperar alguns dias. Dessa forma, ou ela cai em si e vê que não quer realmente comprar aquilo, ou ela pode encontrar um preço menor”, diz o sócio da FTN.
Ele acrescenta que os vendedores costumam ser treinados para atender os clientes prontamente, justamente para que eles façam a compra por impulso, sem que tenham tempo de pensar duas vezes.
Tatiana Filomenski também acredita que evitar fazer a compra imediatamente pode ajudar a frear os gastos e sugere que seja feita a seguinte reflexão: “Antes de consumir, é preciso fazer algumas perguntas. A primeira é: eu preciso? Se a resposta for si, a segunda pergunta é: eu posso? E se a resposta for si, a terceira pergunta é: eu consigo esperar um pouco?”, afirma.
 
6. Poupe parte do seu dinheiro no início do mês
 
Muitas pessoas que gostariam de iniciar uma poupança deixam pra fazer isso com no final do mês, mas no meio do caminho acabam gastando o dinheiro que seria investido. Por isso, reservar uma parte do seu dinheiro para os investimentos logo que o salário cai na conta é uma boa maneira de juntar o útil ao agradável: além de formar uma poupança, você não corre o risco de gastar o dinheiro que está sobrando na conta com o que não é necessário.