A explicação matemática para o aumento da inadimplé ncia
26/08/14

A explicação matemática para o aumento da inadimplé ncia

shutterstock_62054950Hé algum tempo reencontrei um amigo de infé ncia. Um daqueles com quem jogava bola, ia a shows na adolescé ncia, dormé amos um na casa do outro de vez em quando, nos meté amos nas mais diversas e inocentes encrencas, e também saé amos juntos delas. Enfi, amigé o mesmo.

Ele me viu na TV, buscou meu nome na internet e me ligou convidando-me a ir visité -lo em sua casa recé m construé da. De pronto aceitei o convite. Obviamente fui muito bem recebido por um casal super orgulhoso de suas conquistas materiais, seu contentamento somente era menor que a felicidade de terem gerado dois filhos. Mostraram cada cé modo da casa, a área de churrasqueira, piscina, lareira, a cozinha com eletrodomêsticos novinhos e todas as quatro TVs de tela plana, uma para cada pessoa dentro da casa nova.

Enquanto as crianças brincavam e nossas mulheres se conheciam (é quela é poca eu era casado), meu amigo fazia o churrasco e relembré vamos as mesmas histé rias e piadas de 30 anos atrês (ou mais). Conversa ve, conversa vai, perguntei a ele por que ainda não havia colocado vidros nas janelas. Afinal, bastava abrir as venezianas para que o vento soprasse muito. Com venezianas fechadas soprava menos.

A resposta foi simples: já Té louco, Mauro? Você viu a quantidade de vidros que tenho que colocar nesta casa? O vidraceiro divide em no máximo três vezes. Assim que terminar de pagar algumas contas, vou juntar para isso.

já Ah, ok respondi eu. Afinal, trata-se de meu amigo e do dinheiro dele. Mas a atitude dele me fez pensar novamente em prioridades e premissas. Meu raciocé nio é simples, para quem possui quatro TVs super modernas, para quem tem uma piscina para manter, acredito que possa comprar vidros para as janelas, afinal seriam mais importantes. Ao menos para mim seriam.

As conquistas daquela família, e de muitas outras, foram galgadas no crediário. Na recé m formada cultura financeira do brasileiro encapsulada na frase já cabe no bolso já . Tal cultura é galgada em premissas temporais e por vezes etáreas, como ter um bom emprego e empregabilidade, ou se for mandado embora conseguir uma recolocação rápida. Ou ainda, o Brasil está crescendo e a inflação sob controle. O fato é que tudo isso está passando, está se deteriorando, e as dívidas dos indivíduos e famílias continuaré o.

é quis estar errado sobre isto, mas os números crescentes da inadimplé ncia no Brasil mostram que isto está correto. A inflação, em seu voo suave, pressiona oré amentos onde a prestação de quatro televisores que seria plenamente aceité vel não mais será em pouco tempo. Vejamos em números:

Imagine uma família com Receita Familiar total lé quida de R$ 5.000,00, despesas com parcelas de tudo que é pago via financiamento no valor de R$ 1.750,00 (35%), demais despesas da família em R$ 3.000,00. Portanto sobram R$ 250,00. Mesmo que todo o financiamento seja feito em parcelas fixas, as demais despesas como é gua, luz, telefone, alimentação, escolas, transporte, etc, sofreré o a ação da inflação, que ao alcané ar 10% transformaré o os gastos de R$ 3.000,00 em R$ 3.300,00, portanto fazendo faltar R$ 50,00 no planejamentodesta família.

Para todos que deram vazé o aos seus sonhos de consumo usando o caminho do crédito, incluindo meu amado amigo que permitiu usar seu exemplo neste artigo, sugiro que verifiquem a duração de suas prestações. Tomara que terminem antes da inflação alcané ar de forma devastadora as demais despesas e o planejamentofamiliar.

Rever seu planejamentoe investir melhor, com mais rentabilidade mas a mesma segurané a dos grandes bancos, são atitudes que podem eliminar o aperto de qualquer oré amento.