03/07/12

Aposentadoria sem apuros

Aqueles que se aproximavam dos 50 anos na época do lançamento do Plano Real, em 1994, podem ser considerados a primeira geração de aposentados num cenário de estabilidade na econômica.

"Há muito para se aprender com eles, seja com os bem sucedidos ou com aqueles que erraram", afirma Gustavo Cerbasi, consultor em finanças pessoais. O principal para se aposentar com tranquilidade é fazer, ao longo da vida, uma reserva financeira, dizem quatro especialistas ouvidos pela Folha.

Veja os 15 erros mais comuns apontados por eles.

1 – Acreditar que todo o dinheiro da aposentadoria tem que estar "seguro”;

É arriscado colocar todos os ovos em uma única cesta, ou seja, aplicador tudo na poupança. O ideal é diversificar os investimentos, mesmo que as aplicações sejam conservadoras, como renda fixa e planos de previdência.

2 – Achar que contratar um plano VGBL ou PGBL resolverá tudo;

Há bancos ou seguradoras que cobram taxas abusivas. É preciso verificar se, depois de descontado todas as cobranças sobre o investimento, o retorno será o esperado. É importante lembrar do pagamento do imposto de renda.

3 – Escolher plano de previdência com renda vitalícia ou por prazo determinado;

É aconselhável optar pela modalidade de renda em forma de percentual do saldo poupado. Ou seja, ao atingir a idade da aposentadoria, a renda será proporcional ao saldo que foi acumulado.

4 – Achar que ainda é cedo para pensar em aposentaria ou a enxergar como o fim da linha;

Quanto mais cedo se começa a poupar, menos será preciso desembolsar mensalmente. O pensamento de que aos 65 anos o fim estará próximo é herança de quando a expectativa de vida era baixa.

5 – Comprar um imóvel para receber aluguel na aposentadoria;

O imóvel requer gastos com manutenção, sofre depreciação e o reajuste do aluguel normalmente não acompanha a valorização do mercado. Além disso, não tem liquidez: não se pode vender uma fração frente à uma necessidade.

6 – Não ter fundo de emergência pode antecipar o uso da aposentadoria;

Tenha um orçamento financeiro que contemple as despesas fixas e as variáveis, uma cota para "sonhos" e uma outra para imprevistos. Caso um fato modifique essa estrutura, seja para pior ou melhor, refaça as contas.

7 – Não aceitar queda temporária no padrão de vida;

Ao sair de casa, seja para casar ou morar sozinho, muitos jovens não encaram a queda do padrão de vida que tinham ao viver com os pais. Em resposta às pressões sociais, acabam usando boa parte da renda para manter esse patamar.

8 – Comprar um imóvel de forma precipitada;

Muitos acham que os filhos têm de sair de casa só quando puderem comprar o bem. Se a renda do jovem não for alta, terá de financiar o imóvel por um longo prazo. E, se estiver em ascensão profissional, perderá a mobilidade de mudar de emprego.

9 – Crer que está tarde demais para planejar a aposentadoria;

Quem está na reta final para deixar de trabalhar (menos dez anos) e ainda não tem recursos para o futuro, deve prolongar a carreira ou se profissionalizar como investidor para acelerar a formação de poupança.

10 – Não refazer os cálculos depois de o INSS anunciar mudanças;

No início do planejamento é aconselhável procurar o INSS e se inteirar das atuais regras. E, a partir de então, refazer as contas diante de qualquer alteração. O atual teto para o INSS é de R$3.691,74.

11 – Colocar todas as economias nas ações ou em fundos de pensão da empresa onde trabalha;

Por mais que se goste e acredite na empresa onde se trabalha, nunca deve-se concentrar sua aposta. Se a empresa quebrar, você não terá a quem recorrer para recuperar o dinheiro perdido.

12 – Resgatar os recursos do fundo de pensão quando se desliga da empresa;

Ao retirar o dinheiro cedo demais, não se aproveita o benefício tributário, por meio do qual a alíquota do IR cai com o tempo. Pode se optar pela portabilidade para outro fundo de pensão ou para um fundo de previdência aberta.

13 – Calcular que as despesas após a aposentadoria serão menores;

Especialistas se divergem sobre a teoria de que a pessoa deve almejar uma renda de pelo menos 65% a 70% da renda do ápice da carreira. O consumo com lazer e saúde podem requerer uma renda maior do que exigem no presente.

14 – Preferir consumir do que fazer poupança por considerá-la privação de felicidade;

A turbulenta história brasileira criou uma série de "vícios". Entre eles, o imediatismo que mina a capacidade de poupança. Pessoas continuam deixando de poupar, mas tudo é questão de equilíbrio.

15 – Usar o dinheiro da poupança para outros fins;

Não o use mesmo tendo a crença que pegou, temporariamente, o dinheiro "emprestado" de sua própria poupança. Mas, no caso de endividamento, leve em conta os benefícios de não desperdiçar o seu dinheiro com juros.