05/09/13

Cartão de crédito: como funciona esse mercado?

Definição de cartão de crédito
Antes de iniciar o artigo, apresentarei uma definição sobre cartão de crédito. Segundo site do Procon/SP, cartão de crédito é “um meio que possibilita o pagamento à vista ou parcelado de produtos e serviços, obedecidos requisitos pré-determinados, tais como, validade, abrangência, limite do cartão etc. Foi criado com a finalidade de promover o mercado de consumo, facilitando as operações de compra“.
 
 Como todos sabemos, atualmente esse meio de pagamento é bastante utilizado na economia brasileira. Se fizer uma pesquisa (no Google, por exemplo), encontrará diversos artigos sobre o tema, baseados na ótica dos consumidores: os perigos do uso indiscriminado, as altas taxas de juros, benefícios de programas de milhagem etc.
 
 Poré, se você quiser saber como funciona a chamada “indústria do cartão de crédito“, isto é, após realizada uma operação de compra e venda utilizando o cartão magnético, como os bancos e demais participantes, ganham dinheiro com isso, terá alguma dificuldade. É sobre esse assunto que o presente artigo se destina a apresentar.
 
Participantes do mercado de cartão de crédito
 
Quando você compra um produto em um estabelecimento comercial, usando cartão de crédito, existirão 5 personagens principais nesse negócio, os quais:
 
– consumidores: que são os portadores do cartão, ou seja, quem realiza a compra;
 
– estabelecimentos comerciais: são os lojistas que aceitam o cartão de crédito como forma de pagamento;
 
– emissor: é quem se relaciona diretamente com o consumidor, analisa a proposta de adesão, determina os limites de crédito e taxas cobradas. A maioria dos emissores são bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil etc, mas não somente eles;
 
– credenciador: é a empresa que se relaciona diretamente com os estabelecimentos comerciais. É quem credencia as lojas a utilizarem o cartão como meio de pagamento. Exemplos: Cielo e Redecard;
 
– bandeira: é a chamada “marca” do cartão, estabelecendo algumas regras, oferecendo certa infraestrutura e fazendo pesquisas para desenvolvimento do sistema. Exemplos: Mastercard e Visa.
 
 Como o dinheiro flui em uma operação com cartão
 
Conhecidos os participantes do mercado de cartões de crédito, vamos analisar como o dinheiro flui nesse tipo de operação.
 
O consumidor, que é o beneficiário da vantagem de fazer pagamentos de forma fácil e sem muita burocracia, tem basicamente duas formas de custear o processo. A primeira delas é desembolsando as tais anuidades do cartão e a segunda é pagando os altíssimos juros caso não consiga pagar o valor total da fatura no vencimento. Em ambos os casos, o “lucro” é do emissor (bancos).
 
O lojista é quem banca grande parte dos custos do sistema. De todas suas vendas realizadas no cartão, é cobrada uma tarifa de desconto. Isso significa que ao vender um produto por R$100,00, o estabelecimento comercial irá receber apenas parte desse dinheiro, pois o credenciador irá ficar com certo percentual para ele. Além desse custo por venda, o lojista também possui outra despesa fixa: o aluguel do terminal de vendas (da “maquininha”). Visto desse modo, pode parecer uma péssima ideia vender com cartão,  mas existem alguns benefícios para o lojista: conveniência (não precisa ir ao banco depositar dinheiro), menor risco (por não receber cheques sem fundos ou notas falsas) e maior competitividade (em relação aos estabelecimentos que não aceitam cartão). Tais benefícios, na prática, parecem ser relevantes, pois há cada vez mais estabelecimentos comerciais aceitando cartões de crédito. Na verdade, todos esses custos acabam sendo repassados nos preços dos produtos, sendo pagos, em última instância, pelo consumidor.
 
O credenciador obtém sua receita, como já explicado, tanto pelo aluguel do terminal para o lojista, como de um percentual (tarifa de desconto) cobrado em cima do valor da compra.
 
O emissor, por sua vez, tem sua receita advinda das tarifas e taxas de juros, já citadas quando falamos dos consumidores. Mas cabe destacar o que se denomina tarifa de intercâmbio. Explico. Voltando ao exemplo anterior, quando o emissor (banco) for repassar os R$100,00 (valor da compra) ao credenciador, irá cobrar certo percentual sobre esse valor (tarifa de intercâmbio). Em seguida, com o valor já descontado pelo emissor, é que o credenciador irá tirar a sua parcela, para só então, passar o dinheiro ao lojista (é a já citada tarifa de desconto).
 
A bandeira tem sua receita advinda da chamada tarifa de acesso, paga tanto por credenciador como emissor, pelo uso do nome (“marca”) do cartão.
 
Veja imagem abaixo, com o resumo do fluxo de dinheiro na indústria de cartão de crédito.
 
 
Considerações finais
 
O que podemos notar é que existe uma complexa estrutura por detrás de uma “simples” compra com seu cartão de crédito. Como já mencionado no texto, quanto mais onerosa ela for, mais os lojistas deverão repassar esses custos para o preço final de seus produtos/serviços, prejudicando o consumidor final.
 
Precisamos estar atentos e lutar por uma maior competitividade no setor, resultando assim em ganhos significativos para toda a população brasileira.
 
É isso aí, boa sorte em suas finanças e vida pessoal.
 
Obs: uma valiosa fonte de consulta foi o trabalho de Paulo Springer de Freitas, em texto para discussão publicado em 2007, denominado Mercado de Cartões de Crédito no Brasil: problemas de regulação e oportunidades de aperfeiçoamento da legislação.
 
Fonte: Blog Professor Elisson Andrade