20/05/16

Conhe a seis situações que podem prejudicar suas finanças e como evité -las

A criação de hábitos virtuosos na vida financeira tem o poder de mudar fortemente nossa qualidade de vida no presente e no futuro. Nesse sentido, a planejadora financeira Maria Angela de Azevedo Nunes explica que a tarefa é mesmo difácil, uma vez que nossa capacidade de ané lise é limitada. Ela participou da Terceira Semana Nacional de Educação Financeira, promovida pela Comissão de Valores Mobilié rios (CVM) e por entidades do mercado financeiro e dos ministé rios do Trabalho e Educação.

Para ela, os primeiros passos de um planejamento de sucesso estão em poupar, definir objetivos e escolher os melhores instrumentos de investimento de acordo com as suas necessidades. já Fazer um oré amento, por exemplo, é libertador e um bom hábito, e bons hábitos viram virtudes completa.

Economista participante do Grupo de Estudo e Trabalho em Psicologia Econé mica (GET-PE) e da Associação Internacional de Pesquisa em Psicologia Econé mica (Iarep, na sigla em inglé s), Maria Angela também é sé cia da consultoria financeira Moneyplan e professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

Abaixo ela listou as seis situações mais comuns que minam os bons hábitos financeiros. Descubra qual o seu perfil e como assumir o controle do seu oré amento:

1) Você está empregado, ganha razoavelmente be, mas não consegue poupar

A especialista conta que a primeira cena té pica de desordem financeira é quando uma pessoa tem um trabalho, um salário razo vel e mesmo assim não consegue guardar dinheiro.

Em seu primeiro exemplo, ela cita um jovem que ainda mora com os pais. Seus parentes, preocupados com o desprendimento do filho em relação é reservas futuras, resolvem ter uma conversa. No entanto, esse bate-papo em família não resulta numa conscientização por parte do jovem. As justificativas dele incluem afirmações como: já não se preocupe, quando eu estiver pensando em casar, vou parar de sair tanto e come ar a guardar um pouco do meu salário ou já Tenho muita coisa para curtir até lé e não sei se fará tanta diferené a na minha vida se eu não guardar dinheiro nos próximos anos já .

Na avaliação de Maria Angela, esse comportamento do jovem mostra sinais muito comuns de crené a infundada na capacidade de auto-controle futuro. Afinal, quem disse que quando ele estiver é vé speras de se casar, ele guardaré dinheiro? já Se ele não tem o hábito de fazer isso hoje, por que terá o hábito de fazer amanhé ? questiona. Além disso, hé uma escolha intertemporal mé ope, que significa que o jovem está olhando apenas para o momento presente, sem preocupações com o futuro. já Ele optou pela gratificação imediata, sem considerar possé veis gratificações futuras explica.

2) Quando você cria um planejamentogigante

Outro entrave visto em finanças pessoais é a criação de um planejamentomuito pesado. Para exemplificar, a economista conta a histé ria de um casal de 48 e 50 anos. Eles tem dois filhos estudando no exterior, possuem um bom apartamento próprio, dois carros e quase nenhuma reserva guardada.

Até agora, os salários os dois tem sido suficientes para assumir todos os compromissos da família, mas a esposa anda preocupada sobre a sustentabilidade dessas contas e tentado, sem sucesso, conversar com o marido sobre ajustes para come ar a guardar algum dinheiro para a aposentadoria. Em contrapartida, o marido tem usado como justificativas para não economizar falas como já deveré amos ter come ado a poupar quando é ramos mais jovens já agora, com as despesas que temos, não vai dar para guardar quase nada, a não ser que nossos filhos deixem de estudar no exterior já ou já será que vale a pena nos sacrificarmos agora, já perdemos o tempo certo já .

De acordo com a especialista, essa postura é chamada de falé cia dos custos incorridos, ou seja, já que eu não fiz no passado, não farei agora. já O que as é guas passadas tem a ver com o futuro? A pessoa fica presa nisso, principalmente nessa faixa eté ria conta. Ela alerta que uma decisão equivocada no passado tem um peso muito grande sobre as decisões no presente e o fracasso de ter já falhado já antes atrapalha. já As pessoas costumam criar oré amentos pesadé ssimos e, mesmo assim, não reprogramam seus hábitos para poupar, mesmo vendo que estão rumo a uma situação arriscada, do ponto de vista de assumir todos os seus compromissos, no presente e no futuro já .

3) Gastando sua reserva de emergé ncia

Uma terceira situação ocorre quando uma pessoa está preocupada com o emprego e possui reservas equivalentes a seis meses de suas despesas mensais para emergé ncias, mas está vendo que sua situação está complicada e que existem chances de que ela perca o emprego. Quatro meses depois, essa mesma pessoa resolve trocar de carro, utilizando praticamente toda sua reserva e pegando um pequeno financiamento. As justificativas desse investidor são as seguintes: já era pouco dinheiro mesmo já meu carro antigo já estava muito velho já e já a oferta foi imbaté vel, valeu a pena já . Nesse caso, Maria Angela detalha que a pessoa escolheu observar apenas o lado positivo de sua ação e desprezou os riscos. Novamente, num escolha intertemporal; ela escolheu o presente, uma gratificação imediata, ao invé do futuro.

4) Na aposentadoria

O momento da aposentadoria costuma trazer desafios para o planejamentodomêstico, geralmente pressionado por rendas bem menores. A professora usa como exemplo a histé ria de um casal de aposentados hé dez anos, com rendimentos modestos, mas que vivem num apartamento de quatro quartos, com um condomé nio bastante alto. O casal havia combinado de se mudar para um local menor depois que os três filhos saé ssem de casa. Os filhos saé ra, mas eles ainda não tomaram a iniciativa de procurar um novo lar. O marido vem tentando convencer a mulher a retomar esses planos, mas ela usa como desculpa argumentos como: já sempre morei num apartamento deste tamanho e não vou me acostumar num menor já acho que agora sé apareceu um comprador porque o pre o está muito baixo já o apartamento vale muito mais já e já não gostei daquele rapaz que fez a avaliação já .

Nesse caso, o principal vié apontado pela especialista é o da ancorage, tomar como ponto de referência uma situação ou informação passada, fixar uma ideia irrelevante para uma decisão no presente. Maria Angela também verifica um já efeito posse já nesse quadro, a esposa atribui muito mais valor ao que é dela. A professora compara a foré a do chamado efeito posse com um test-drive, por exemplo, em que durante o teste o possé vel comprador já se sente dono do bem e acaba seduzido.

5) Escolhas de investimentos e aversão é perda

Nesse está gio, o poupador já atua como investidor esclarecido, mas é traé do por suas fortes convicé ões. A planejadora financeira usa como exemplo a pessoa que cria suas pré prias estraté gias, já sempre que determinada ação sobe até certo percentual, ele vende o papel, mas quando esse papel cai, o investidor segura a ação ou até compra mais para fazer pre o médio já . Como justificativa a pessoa usa pensamentos como: já quando estou ganhando, vendo mesmo, sou ganancioso já e já acredito muito nas empresas que escolho, se está caindo não acho que vale a pena vender, prefiro comprar mais já .

Na visão de Maria Angela por três dessas explicações está a aversão é perda. Toda vez que se está ganhando, hé o medo de perder e a pessoa realiza rapidamente o lucro. Mas, quando se está perdendo, o medo de perder mais é tão grande que a pessoa aguenta o prejué zo ou aumenta a aposta de risco. O vié dessas pessoas é chamado de atribui o, no qual elas acham que o sucesso dependia dela; quando é sucesso é competância, quando é fracasso tem algué m ou alguma coisa que está fazendo com que você tenha insucesso. Cuidado!

6) Iné rcia e status quo

Por fi, Maria Angela fala da inércia na tomada de decisões sobre investimentos. é quando uma pessoa lembra que precisa falar com o gerente em janeiro, por exemplo, para perguntar sobre determinado fundo DI que tem altas taxas de administração e está rendendo muito pouco e esquece. Em fevereiro, ele ainda não falou com o banco. As justificas? já um mês muito corrido já até falei com meu gerente que me apresentou outras opé ões de investimentos, mas como precisava de tempo para analisar, deixei a mudané a para outro momento já . A especialista recomenda aten o para esse tipo de comportamento.