Educação  financeira não e sé  coisa de adulto
29/10/15

Educação financeira não e sé coisa de adulto

pig-e1444762654766Num cené rio de crise financeira, as polé ticas economicas entram em debate. Entre cortes de despesas do governo e ané lise de gastos do país, resta saber se isso é um problema que também afeta a realidade dos muitos brasileiros que precisam pagar suas contas no fim do mês. Segundo um estudo feito pela Serasa Experian, dona do maior banco de dados de crédito do país, hé atualmente 57,2 milhões de brasileiros inadimplentes. Este é o maior número já registrado desde que o levantamento foi criado em 2014. E neste panorama de saber ou não fechar as contas, qual a importância da educação financeira para as crianças de hoje?

Quando a educadora Cé ssia D já Aquino criou, hé vinte anos, o programa que levou a educação financeira para as escolas, a expressão já educação financeira já sequer existia em portugué s. Sua cole é o de livros sobre o assunto, que foi criada hé sete anos e que atende crianças de 7 a 11 anos, é usada em escolas públicas e particulares de todo o país. A cole é o tem livro para o aluno e para o professor. Segundo ela, é muito difácil mensurar resultados quando se fala de educação de crianças, por conta de ser um aprendizado a longo prazo. já O programa será sempre uma coisa acessé ria, coadjuvante aos que pais possam oferecer em casa.

Histé rias de sucesso

Contudo, o tempo trouxe histé rias que a educadora lembra com orgulho. Ela conta que uma mé e ao sair da escola sempre entrava na banca para comprar alguma coisa, mas depois a filha passou a perguntar: já mamé e, a gente vem aqui todo dia por que você quer ou por que você precisa comprar alguma coisa? já .

E assim foram chegando noté cias de que as crianças chegavam a casa com pequenas reflexões sobre o assunto, que por sua vez, acendia nos pais um interesse. já Quando a pessoa que mais pensa sobre isso tem 1,30, os pais podem se sentir provocados a terem um comportamento um pouco diferente em relação ao dinheiro ela explica.

Um episé dio que a marcou muito foi uma histé ria que chegou via e-mail. Uma mé e de Sé o Paulo escreveu que ela e o marido tinha, numa regié o muito pobre, um ferro-velho e que nos finais de semana, ela e as filhas iam para lé enquanto o marido trabalhava. Um dia, um dos livros da cole é o apareceu no ferro-velho. A filha mais velha, de 8 anos, achou o livro, apagou tudo que estava feito e sozinha come ou a responder todas as coisas. Não satisfeita, ela pegou a irmé de 4 anos e come ou a dar aula para ela a partir do material. já Era exatamente o que eu queria: que fosse um material que a criança sentisse que eu estava falando com ela, e que fosse tão prazeroso, que ela por si sé se interessaria pelo assunto. Eu acabei conversando com essa criança pelo telefone, mandei outros livros da cole é o e foi uma histé ria que me tocou muito.

A educação financeira nas escolas

Cé ssia, no entanto, não é a favor de que educação financeira se torne uma disciplina obrigaté ria nas escolas. já Os professores estão sobrecarregados, a principal preocupação do Brasil deveria ser a baixa qualidade do nosso ensino. Quando a gente pensa que 75% da população brasileira, segundo o Instituto Paulo Montenegro, é analfabeta ou analfabeta funcional, isso deveria ser tema em todos os jornais. Se a escola não dé conta nem de ensinar a ler e escrever, eu acho que a gente devia se concentrar nisso antes de partir para tudo mais. Porque ler e escrever é o primeiro degrau, é o fundamento sobre o qual vai sustentar inclusive a educação financeira. Eu faé o votos de que as escolas que estão usando os livros estejam nutrindo o bé sico e a partir disso, trabalhando com a educação financeira.

A cole é o faz um acompanhamento do que já é do currículo obrigaté rio. Logo, o professor insere a educação financeira ao trabalhar conte dos que ele obrigatoriamente tem que tratar em geografia, por exemplo. já Eu tentei fazer este casamento. De uma forma que o professor possa usar a cole é o não como mais alguma coisa que ele precisa fazer, mas como uma facilidade para que ele possa enriquecer o conte do.

Mas será que os filhos conseguem passar seus aprendizados para os pais? já Eu não acho que é papel de filho ter que educar pai. Eu acho que isso é uma expectativa grave e muito comum de se ouvir. Você imagina se um adolescente, com 13, 14 anos, que acha que sabe tudo da vida, cismar que tem que controlar o planejamentoda família, o que isso pode fazer com a autoridade dos pais. Dinheiro é um assunto importante, mas também não pode ser o assunto mais importante da vida de ningué m.

Para a educadora, a educação financeira precisa provocar a reflexé o cré tica dos alunos em relação ao dinheiro, ao consumo, e sem querer atropelar, o que é da intimidade da família, sem ditar o que é o melhor para esta criança. já Eu já vi projetos em escolas que os pais tinham que mandar quanto ganhavam e quanto gastavam para ser analisado na escola. Isso é uma invasão absurda, é uma violé ncia.

Segundo ela, além da baixa taxa de alfabetização, outro problema brasileiro é a baixa taxa de poupané a. já As polé ticas de governo notadamente nos últimos 13 anos ao invé de estimular a poupané a como aconteceu no Peru, no Chile, na Colé mbia, estimulou o consumo, que por sua vez, diminuiu ainda mais a capacidade de poupané a. A baixa taxa de poupané a deixa as pessoas muito mais vulneré veis em situações de sobreendividamento. As pessoas quando estão tomadas pelas dívidas, corro das pela angé stia, pensam muito pior.

A educadora explica que normalmente quem define a melhor idade para come ar a conversa sobre o dinheiro é a pré pria criança. já Ela faz isso por volta dos dois anos e meio. é a hora que elas pedem pela primeira vez aos pais que comprem alguma coisa. A partir deste primeiro já compra ela já entendeu que o dinheiro existe, que o dinheiro dé acesso a coisas divertidas e gostosas, e já entendeu que os adultos tem esse tal de dinheiro. Ou seja, ela passou dois anos e meio observando como os pais consomem.

Coisa de adulto

A educação financeira no caso dos mais velhos é mais complicada. já é medida que a gente vai envelhecendo, a gente vai ficando cada vez mais tomado pelos próprios pontos de vista. E vai inventando uma por o de explicação para gente não mudar. No entanto, ela acredita que os pais podem mudar na constru o da educação dos filhos. já Se eu pudesse fazer um paralelo é que nem um pai fumante que não quer que o filho fume.

Cé ssia acredita que de uma maneira declarada, todo mundo diz que quer mudar, mas nem todo mundo topa viver as consequé ncias disso.é já Quando os mais velhos resolvem realmente mudar, eles param de botar a culpa no país, no presidente, nos pais. A culpa não é de ningué m. Você foi fazendo isso. Agora trate de encontrar uma saé da para isso. E para isso é preciso uma coragem imensa.