28/04/14

Educação financeira para evitar dívidas deve come ar já na escola

 Nove milhões de brasileiros não conseguiram pagar as dívidas nos três primeiros meses do ano. Gente que nunca aprendeu a lidar com o dinheiro e gasta sem pensar.

Essa educação financeira deve começar cedo, na escola, mas uma pesquisa mostra que não é isso que acontece.
 
Algumas regras da boa saúde financeira são bem conhecidas. “Primeiro ganha e depois gasta”, defende a gerente financeiro Rosângela Peres.
 
Quem perde o controle, depois sofre para sair do vermelho. Felipe não planejava os gastos e fez uma dívida de R$ 10 mil no cartão de crédito e no cheque especial. “Tudo que poderia ser desnecessário, eu fazia. Exemplo: almoçar fora praticamente quase todo dia, já aproveitava jantava, também fora. Bolacha, biscoito, essas coisinhas tolas que você vai comprando durante o dia, cafezinho aqui, cafezinho lá”, conta o advogado Felipe Bonavite.
 
De janeiro a março deste ano, quase 9,5 milhões de pessoas não conseguiram pagar suas dívidas. E, para muita gente, falta orientação e conhecimento financeiro para conseguir sair desse sufoco.
 
Um levantamento nacional fez o mapa da educação financeira, que é o conhecimento para saber lidar com o dinheiro, planejar as contas e consumir com consciência. O estudo encontrou mais de 800 iniciativas. Entre o público mais beneficiado, estão os que têm entre 19 e 59 anos, com ensino médio ou superior.
 
“Mas a gente tem uma população que está à marge, que a gente precisa tomar mais atenção”, afirma a superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil Silvia Morais.
 
Os menos atendidos são as crianças, os adolescentes e os idosos. Em uma escola pública de São Paulo, educação financeira é disciplina dada na sala de aula. “Quando eles estiverem trabalhando, já tendo a sua própria renda, eles vão ter maior consciência desse gasto”, explica a professora Marisa Carvalho.
 
Os alunos do quinto ano já aprenderam que é preciso fazer economia. “Sempre quando for gastar não gastar tudo, deixar um pouco para o outro dia” diz o estudante Tiago Dias Pereira.
 
“Porque um dia vai precisar fazer faculdade, não vai ter dinheiro”, afirma o estudante Vinicius Montenegro da Silva.
 
Felipe Bonavite fez aulas de educação financeira e conseguiu se livrar das dívidas. Ele tem uma dica para quem está no aperto. “Se você quer comprar, compre amanhã. Por quê? Porque se realmente for importante, você volta. Se não for, você esquece”, explica.
 
Três anos atrás um decreto federal reconheceu a importância da educação financeira, mas de todas as iniciativas desse tipo no país só 3% estão no Norte e Nordeste.