21/02/14

Empreendedora desde cedo

 "A Joana sempre foi uma criança curiosa. Suas questões e intervenções sempre me surpreendia, até que veio uma que me desconcertou de vez: “Mãe, eu quero fazer uma venda de garagem. E vai chamar Pop Camelô”. Pop Camelô é um nome muito bo, que criado por crianças de 6 anos é bem surpreendente. A ideia surgiu num recreio da escola, em uma conversa com mais três amigas.  Com o dinheiro, elas iriam para a Disney, e queriam nos levar junto. As quatro mães com as quatro filhas. 6 anos e elas já estavam decididas. Foi aí que entendi que a ideia, na verdade, foi  uma solução para um dilema que elas enfrentavam: o Dia das Mães estava próximo e elas não tinham dinheiro para comprar um presente.

A criatividade e o espírito empreendedor das crianças não tinham limite, mas nós, mães, só conseguimos entender o tamanho da determinação quatro anos depois, empurradas por armários abarrotados de roupas e objetos que não serviam mais.

Se no início achei “bonitinha e encantadora” a iniciativa, com o passar dos anos, nós, mães, tivemos que encarar a determinação das meninas e decidir o que fazer: frustrar a iniciativa ou abraçar de vez a ideia. E isso só significava arrumar um espaço para elas montarem e venderem as peças. O resto elas já tinham feito.

A boa notícia veio de uma das mães que alugou uma mesa, por coincidência, num bazar de Dia das Mães promovido pelo clube que frequentava.

Ao verem que finalmente o Pop Camelô estava saindo do armário, as quatro fizeram um esforço extra e começaram a garimpar objetos também nas casas de avós e tias. Minha mãe quase ficou sem acessórios.

Nunca esqueço que na ida para o clube, ainda sem sabermos o que iríamos encontrar, minha filha, então com 9 anos, perguntou: “Mãe, quanto você acha que a gente vai ganhar?”. E eu… “Não sei filha: uns R$100?”

Se tem uma coisa que eu descobri neste dia é que não tenho ideia de faturamento, que chegou ao final dos dias de bazar a 20 vezes mais.

Joana, Giovanna, Estela e Marcela se mostraram empreendedoras natas: expuseram os objetos de maneira organizada, circularam pelo bazar com  camisetas com o logo do Pop Camelô, criaram promoções- relâmpago e até unificaram os preços ao final do bazar para vender o máximo possível.

Quando iam para o merecido horário de almoço, ninguém comprava. Só queriam saber onde estavam as meninas que vendiam. E voltavam à “loja” quando elas regressavam. Foi engraçado.

Após 11 edições de puro envolvimento e trabalho em equipe, elas ainda não arrecadaram o dinheiro para a tão sonhada viage, mas aprenderam que chegar à Disney não é fácil, mas não é impossível.

No ano passado, por conta do Pop Camelô, fomos convidadas a participar do programa da Fátima Bernardes. A Rede Globo pagou nossas oito passagens para o Rio de Janeiro e estadia, num hotel em frente ao mar. Quando meu avião estava pousando naquela cidade linda e ensolarada, eu pensei: aos 11 anos minha filha conseguiu não só me encher de orgulho e me levar para viajar. Ela conseguiu que eu voltasse a acreditar que querer é poder, como ela sempre acreditou."