26/03/13

Ensine seu filho a economizar

Antes mesmo de aprender matemática, os pequenos Breno, 7, e Arthur, 5, começaram a aprender o valor do dinheiro. "Presentes caros, só em datas especiais, como Natal ou aniversários", conta a mãe, a professora Érica Motta. Além da negociação envolvendo presentes, ela procura mostrar no cotidiano o valor do dinheiro. "Se eles ganham um dinheiro do avô, mesmo que sejam R$ 5, eu mostro que é importante pensar antes de gastar", diz. Na rotina da família também tem um cofrinho para juntar moedas.

Para o vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Aquiles Leonardo Diniz, a estratégia da professora é a mais adequada. "A educação financeira deve começar aos 4 ou 5 anos, com coisas muito simples, que a criança consiga entender, e deve continuar até os 18 anos", explica.

O especialista diz que atitudes que parecem pequenas, como negar um pedido para que o filho entenda que não pode ter tudo ou ensinar a administrar o dinheiro do lanche na escola, podem ser decisivas para formar cidadãos educados financeiramente. "São conceitos que vão ser importantes para o resto da vida", diz.

À medida que a criança cresce, as estratégias mudam. Segundo Diniz, é difícil fixar uma idade para cada ação, mas logo que a criança começa a entender as operações matemáticas, já é capaz de ter algum dinheiro, como semanada ou mesada. Aos poucos, os pais podem aumentar o valor e introduzir responsabilidades. "Pode dar o dinheiro do lanche, começa dando o dinheiro para um dia e vai estendendo, até ele aprender a administrar o dinheiro da semana inteira", exemplifica.

Na prática. Em algumas escolas, a educação financeira faz parte do currículo. No ICJ, por exemplo, os alunos do ensino médio têm um projeto interdisciplinar para ajudar os adolescentes a entender conceitos como juros e inflação e aplicá-los no dia-a-dia. "O objetivo é que eles aprendam a controlar os próprios gastos, a comprar conscientes, sem criar dívidas nem colocar os pais em situação difícil", diz a coordenadora do ensino médio, Rosa Lúcia Simões.

Foi por meio do projeto de educação financeira que o jovem Arthur Toledo Rodrigues, 15, aprendeu a administrar o dinheiro que ganha trabalhando com o pai. Por mês, ele recebe de R$ 400 a R$ 500, conforme o volume de trabalho. "Eu estava gastando muito", reflete. Ele nunca recebeu mesada – "meu pai me dava dinheiro à medida que eu pedia" – e aprendeu a lidar com as limitações financeiras quando começou a trabalhar. "Aprendi a não gastar tudo de uma vez. Acontecia de eu gastar em uma festa que eu nem estava tão a fim de ir e, depois, em outra que eu queria muito, não ter dinheiro", conta.

A lição fez tanto efeito que, além de conseguir frequentar as festas que quer, ele fez outras conquistas. Ele tinha um notebook, mas queria um computador mais moderno. Juntou dinheiro, vendeu o notebook e conseguiu comprar um ultrabook. "Ganhar as coisas é bo, mas conquistar é ainda melhor", afirma.