25/11/13

Falta de planejamento compromete dinheiro economizado

 Foi comemorado no dia 31 de outubro o Dia da Poupança. A data, instituída no país há 80 anos não significa muito para os brasileiros levando em conta os corriqueiros indicadores econômicos que apontam que os consumidores não sabem lidar com dinheiro e, consequentemente, não sabem economizar. Exemplo disso é uma pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que aponta que os níveis de endividamento e inadimplência da população voltaram a crescer em outubro depois de uma leve queda em setembro.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, que é também presidente da DSOP Educação Financeira, o primeiro passo para evitar o endividamento e conseguir guardar dinheiro em uma poupança, é o planejamento. “As pessoas se endividam porque não planeja, e ao mesmo tempo, não conseguem guardar dinheiro em uma poupança porque não têm planos concretos sobre onde investir”, explica. Domingos comenta, que a própria palavra “poupança” significa guardar, e não pode ser confundida com a expressão “caderneta de poupança”, que por sua vez trata-se de um tipo de investimento. “Poupar nada mais é do que reter o dinheiro, ou seja, não gasta-lo. E quando o consumidor guarda, um dos principais pontos que ele precisa ter em mente, é o motivo para o qual ele está guardando esse valor, seja para a compra de algo de desejo ou para a realização de um sonho”, diz. O educador enfatiza que todo investimento precisa ter uma base antes de ser feito. “É importante ter em mente uma definição em relação ao que se quer investir com o dinheiro que está sendo guardado, caso contrário a quantia passa ser algo sem definição, um dinheiro sem destino e, portanto, será gasto desnecessariamente”, alerta.

Outro ponto que o educador financeiro destaca como razão do insucesso na hora de fazer uma poupança está principalmente relacionado à falta de planejamento. “O consumidor pensa em fazer a poupança e guarda o dinheiro. Se ele não estiver nitidamente definido que esse valor que está sendo guardado será usado para a compra do carro, por exemplo, na primeira dificuldade financeira que ele tiver, ele vai gastar. No entanto, se o objetivo estiver claro e ele considerar esse valor como exclusivo, o consumidor encontrará outra forma, que não a retirada do valor da poupança. Isso é planejamento”, destaca.

Embora ensine a economizar e guardar dinheiro, o educador financeiro chama atenção ainda para o fato de que a população, em sua maioria, não está habituada a economizar visando a realização de sonhos. “Uma boa maneira de direcionar o valor economizado para concretizar um desejo antigo é reunir toda a família e conversar sobre os sonhos pessoais de cada um para então definir quanto custa cada”, comenta. Em seguida, Domingos sugere que o montante já economizado vá sendo usado conforme o permitido pelas condições do desejo de cada um. “Assim que a quantia for suficiente para a realização de um dos desejos, é preciso que isso seja feito, para em seguida recomeçar a guardar para a realização do próximo”, enfatiza.

O educador indica também que o planejamento para a poupança deve ser feito com toda a família iniciando com as crianças. “Desde cedo é importante explicar aos pequenos sobre economia. Uma forma de fazer com que ele sintam necessidade de poupar está em relacionar os desejos deles com as economias que fazem. Pode -se usar como exemplo o uso do chuveiro que deve ser menor, o desligamento dos eletrônicos e até mesmo o exagero no desperdício da comida fazendo-os entender que caso seja economizado o valor gasto com o pagamento das contas, é possível investir nos desejos deles”.

Quanto a evitar endividamento e compras desnecessárias, Domingos sugere que os consumidores façam um levantamento das prioridades antes do recebimento do salário. “O ideal é fazer um orçamento em que constem nesta ordem os itens: valor do dinheiro a ser recebido, seguido do valor que se pretende guardar em poupança e finalmente as despesas, pois dessa forma, o valor gasto com elas será equivalente ao total, menos o dinheiro que será guardado. Neste caso, a poupança será um dinheiro morto, e poderá ser usado apenas para o objetivo”, conclui.