07/07/14

F rias podem ser utilizadas para planejar mesadas dos filhos

 Julho é um mês em que as crianças ficam muito tempo em casa, por conta das férias escolares. Por esse motivo, as despesas acabam aumentando, não só com alimentação, mas com passeios, programas culturais e até viagens. Então, que tal aproveitar esse momento para educá-los financeiramente?

 
Uma ótima ferramenta, sem dúvida, é a mesada, pois, com ela, os pequenos já aprendem a administrar o dinheiro desde cedo. Os pais sempre possuem muita dúvida quanto à idade que se deve começar, mas não há certo ou errado, basta bom senso. No entanto, posso dizer que, a partir dos oito anos, a criança já entende bem e está mais familiarizada com o assunto.
 
Uma boa notícia aos pais é que eles não estão sozinhos nessa empreitada, pois milhares de escolas espalhadas por todo o país inseriram Educação Financeira como disciplina em sua grade curricular, do Ensino Infantil ao Médio. Assim, as crianças aprendem na teoria a lidar com o dinheiro, formando uma geração de pessoas mais conscientes e sustentáveis financeiramente. Por isso, a mesada chega como um complemento, para que elas coloquem na prática o que aprendem.
 
E o período das férias é ótimo para planejar e começar a falar com os filhos sobre o tema. Lembrando sempre que eles sempre se espelham nas atitudes dos pais, então, se planejam para realizar os objetivos, possuem controle do orçamento financeiro e têm o costume de poupar, é esse o exemplo que eles vão ter e o processo de educação financeira deles será mais fácil.
 
Então, para os pais que ainda não dão mesada, o primeiro passo é definir o valor da mesada. A minha recomendação é que, ao longo de um mês, sem que a criança saiba, registre toda e qualquer quantia que a criança precise, incluindo gastos com lanche escolar, passeios, compra de jogos e brinquedos, etc.
 
Sabendo do total, chame-a para uma conversa e explique que, por já estar crescendo, chegou o momento de ela mesma controlar o seu próprio dinheiro e, por esse motivo, receberá, a partir de agora, uma mesada. O valor será 50% daquele total dado a ela ao longo do mês. Na conversa, terá que dizer que ela deverá se organizar, para que o dinheiro não acabe muito antes de receber a outra mesada, pois vocês não darão nenhuma quantia a mais. Pode parecer rude, mas é assim que ela aprenderá a se planejar.
 
Sem dúvida nenhuma, ela achará que é bastante dinheiro, afinal de contas, não recebe esse montante todo de uma vez. Os pais também devem estimular os filhos a sonharem. Peça que eles relacionem três sonhos que tenha, um de curto prazo (até três meses), um de médio (até seis meses) e outro de longo (acima de seis meses). Dessa forma, eles aprendem a ser menos imediatistas e que devem poupar para realizar sonhos.
 
Os pais também devem falar da existência daquela outra metade do dinheiro, dizendo que, por ele ser um ótimo filho, resolveram ajudar na realização desses sonhos e farão uma poupança para ele, colocando o mesmo valor da mesada. Se tiver mais de um filho, para cada um deles, a decisão do valor e a conversa deve ser feito individualmente, adequando à realidade de cada um.
 
E lembrem-se: não é correto associar o recebimento da mesada ao desempenho escolar, pois as crianças não podem achar que só precisam estudar para receber dinheiro no final do mês. Como se pode ver, a mesada tem realmente um papel fundamento no processo de educação financeira da criança, mas acrescento que, além disso, os pais deve, desde o primeiro mês de vida da criança, abrir uma previdência privada para ela.
 
Mostre a seu filho a importância de priorizar os seus desejos e faça-os entender que, para realizá-los, será sempre necessário guardar parte do dinheiro que passa pelas mãos.
 
Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira e Editora DSOP, autor dos livros Terapia Financeira, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país.