12/09/12

Liberdade e vista

Aumento da expectativa de vida no país é um convite ao planejamento, em especial para a população de mais idade.

A fila do Sistema Único de Saúde é um problema grave, mas as perspectivas de envelhecimento da população brasileira sinalizam que não será muito melhor no futuro. "As pesquisas mostram que o Brasil terá uma quantidade de longevos muito grande. Japão, EUA e Canadá ficaram ricos antes de envelhecer. Já nós estamos envelhecendo sem termos ficado ricos. Os especialistas projetam que o Brasil dará um salto de 23,8 milhões de habitantes até 2050, elevando a população para 215,3 milhões de habitantes. A proporção será de 173 idosos para cada cem crianças. Atualmente, são 24,7 idosos para cada cem. Além disso, viveremos mais. A expectativa de vida em 2050 chegará a 80,5 anos, segundo o IBGE.
Tais argumentos são um convite e tanto ao planejamento. Mas, começar a planejar quando se é mais velho passa a ser um desafio e requer habilidade. "É preciso mudar muita coisa na rotina e no estilo de vida. E são poucas as pessoas que aceitam mudanças com bom humor", diz Carolina Wanderley.
Carolina atende grupos de executivos que se preparam para a aposentadoria, o que lhe permite colecionar uma lista de dicas para chegar nessa fase da vida sem grandes perdas. O primeiro conselho é: comece a poupar o quanto antes.
A saída menos traumática é planejar um orçamento financeiro, bem como antecipar aspectos práticos. De imediato, uma ajuda e tanto é manter hábitos saudáveis para gastar menos com médicos, hospitais e remédios. Ainda assim é preciso ter uma poupança para fazer frente às despesas médicas na melhor idade, período mais crítico para o surgimento de doenças crônicas. Para se ter uma ideia, o gasto médio do beneficiário de plano de saúde com mais de 59 anos é o dobro daquele com idade entre 54 e 58 anos.
Saúde é o principal item de gasto na aposentadoria. Foi o que fez José Alcides de Queiroz Alves, de 71 anos. Mesmo sendo herdeiro de um bom patrimônio de imóveis, ele aderiu a um plano de saúde há dez anos. "Pago o plano de saúde, meu e de minha esposa. Assim não corro o risco de perder parte do patrimônio acumulado em vida em razão de gastos com doenças", diz.
Sábia decisão. O número de pessoas com mais de 60 anos representa atualmente 10% dos 190 milhões de habitantes. Apenas 5,5 milhões têm plano de saúde privado. Em 2050, a previsão é de que os idosos representem 30% da população brasileira. Mesmo com um fundo de reserva, o risco é grande. O custo de uma internação de 15 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pode se equiparar ao valor de um apartamento. "Temos muitas histórias de quem perdeu boa parte do patrimônio para pagar despesas médicas. Por isso recomendamos que nossos clientes deem prioridade aos grandes riscos, como internação hospitalar", afirma Alberto Filho, executivo da AD Corretora de Seguros.
Até pouco tempo atrás, boa parte dos empregados contava com planos de saúde quase eternos. Isso acabou. Agora as grandes e médias corporações oferecem o básico e só para quem está na folha de pagamento. As operadoras de saúde, por sua vez, alegam que a lei do setor excedeu os limites de proteção ao consumidor, tornando o produto caro.