11/10/13

Nova taxa de juros deixa cartão e cheque especial mais caros

Na tentativa de conter a inflação, o governo aumentou na quarta-feira (9) a taxa básica de juros (Selic) de 9% para 9,5%. Poré, mesmo evitando o aumento geral de preços, outros “vilões” irão pesar no bolso do consumidor: os juros do cartão de crédito e do cheque especial.

 

Uma projeção feita pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) demostra que, com a Selic em 9,5%, a média dos juros do cartão de crédito será de 9,41% ao mês sobre o valor residual (no caso do pagamento mínimo) e chegará a 194,23% no ano.

 

Em termos práticos, o consumidor que tiver uma fatura de R$ 400 e pagar apenas R$ 200 terá no próximo mês um débito de R$ 218,82 mais os valores das compras no período. Os R$ 18,82 são apenas de juros.

 

As taxas do cheque especial também não ficam muito atrás e passarão a ser, em média, de 7,85% ao mês em cima do valor que o correntista utilizou.

 

Para o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro, o governo torna o crédito mais caro e, com isso, contém a inflação porque fica mais difícil para as pessoas comprarem e os preços diminuem. Mas essa estratégia tem outras consequências.

 

— Com essas medidas, o consumidor fica com mais dificuldade de crédito, as vendas caem. Vendendo menos, as empresas começam a dispensar.

 

Para Miguel, em última instância a situação pode causar até mesmo o desemprego.

 

Segundo o presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antônio Neto, o comércio sofre com o aumento da Selic e isso prejudica o desenvolvimento do País.

 

— Não vendendo, o comércio não compra da indústria, que não produz. A inflação fica estável, mas o crescimento está pífio.

 

Projeções de economistas de instituições financeiras apontam que o PIB (Produto Interno Bruto) do País não deve superar os 3% neste ano.

 

Como se não faltassem preocupações, mesmo com a alta dos juros para evitar o aumento geral dos preços, o professor de economia da UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie) Pedro Raffy Vartanian afirma que o principal problema no futuro será o repasse da alta do dólar para o preço dos alimentos que necessitam de matéria-prima importada e também os importados.

 

Nesta quarta-feira (9), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE, já demonstrou que, devido à valorização da moeda norte-americana, as carnes tiveram elevação de 0,88% e o frango inteiro de 3,04% no mês passado. A farinha de trigo também subiu 2,61% em setembro.

 

Poupança

 

Com a Selic em 9,5%, o rendimento da poupança não muda e continua 6,17% ao ano mais a TR (Taxa Referencial) — acompanhe as simulações de ganho na poupança no quadro abaixo.

 

De acordo com o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro, mesmo não rendendo tanto, a poupança continua vantajosa frente aos fundos de renda fixa. Isso porque as aplicações nas cadernetas estão livres de impostos, enquanto que o dinheiro aplicado nos fundos sofre dedução de tributos.

 

A nova regra da poupança começou a vigorar em maio do ano passado. A mudança foi definida por meio de uma medida provisória e anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

 

Com as modificações, cada vez que a taxa básica de juros, a Selic, chegar a 8,5% ou menos, as cadernetas vão render 70% da Selic, mais Taxa Referencial. No entanto, quando superar isso, elas terão o reajuste fixo de 6,17% ao ano, mais TR. A TR é uma taxa de referência dos juros que é calculada pelo Banco Central e usada como referência em vários investimentos.