28/10/13

O cantor que “ganhava na noite e gastava de dia”

 
Por Luciana Seabra
 
Aos 77 anos e dono de um vozeirão, o carioca Walter Santiago canta nas noites de Santos (SP), onde mora em uma república com outros nove idosos. Tem paixão pelo ofício, que faz desde os 16. Mas, se puder dar uma dica aos jovens de hoje, é a de fazer uma poupança ou uma previdência. "Não fiz nada e sinto falta. Ganhava na noite, gastava de dia. Não pensei no agora."
 
Para um artista nem sempre é fácil conseguir trabalho e Santiago sente falta de reservas para comprar equipamentos e investir no visual. "Gosto de me vestir be, mas está tudo encarecendo", diz. Recentemente, ele até começou a fazer uma poupança. "Mas daqui a pouco surge alguma coisa e sou obrigado a tirar."
 
A classe média ainda começa a experimentar a previdência, segundo Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência. Até o momento, diz, é mais forte o apelo de um plano para garantir a educação dos filhos do que para a aposentadoria.
 
A tendência de antecipar o saque de recursos também é forte para esse público, diz Oliveira. "Eles estão muito estimulados com a oferta de consumo. Aí acabam abrindo mão daquele projeto para aproveitar uma oportunidade ou fazer frente a uma necessidade."
 
Para os recursos que sobram depois de atendidas as necessidades básicas há outras prioridades. É o caso do carro, da casa própria e do plano de saúde, diz Oliveira. "Fomos às comunidades, subimos morro, para ter base científica para criar produtos que agreguem."
 
Simples adaptações na forma de vender ajuda, afirma Oliveira. Um auxílio funeral com seguro de vida acoplado às vezes vende mais do que um seguro com auxílio funeral. "É o mesmo produto, mas em algumas regiões, ninguém quer dar problemas aos outros."

Fonte: Valor Econômico