20/03/14

O efeito silencioso da longevidade na vida e carreira

 O aumento da longevidade em todo o mundo, incluindo no Brasil, não é assunto apenas para politicas públicas, governos, programas de previdência ou empresas. É um tema da maior importância para cada indivíduo,  em qualquer idade, que tenha alguma preocupação com seu futuro e dos seus familiares.

 
Segundo estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) sobre o perfil demográfico da região, em 2010 a proporção de idosos — acima de 60 anos— em relação aos jovens — abaixo de 15 anos — era de 36 idosos para cada 100 jovens. Projetada para 2050, essa relação sofre uma radical mudança. Ela passa a ser de 150 idosos para cada 100 jovens. Os estudos e projeções para o Brasil no ano de 2050  já indicam que a população acima de 60 anos vai representar 28,7% do total.
 
Todo esse conjunto de análises evidencia que se preocupar com a qualidade de vida, tanto no presente quanto no futuro próximo, não é assunto que possa ser adiado infinitamente. Envelhecer com dignidade cada vez mais vai exigir uma ação preventiva. E isso não apenas na questão previdenciária, mas também no que se refere a saúde, projeto de vida, busca de novas identidades e até mesmo a adquirir a capacidade de se reinventar, como um processo permanente.
 
Vale ressaltar que todo esse processo de ter um olhar para o futuro, bem como dar início a um planejamento efetivo desde muito cedo deve preferencialmente buscar três objetivos importantes na preservação da autoestima. São eles:
 
— Buscar ao máximo um grau de autonomia, que o mantenha como uma pessoa minimamente “interessante”;
 
— Reduzir, ao mínimo possível, qualquer grau de “vitimização” como uma forma que busca gerar dependência afetiva dos familiares ou relacionamentos;
 
— Criar reservas financeiras que permitam decisões autônomas no encaminhamento de necessidades, aspirações ou desejos.
 
Isso faz ainda mais sentido com o aumento da camada da população que obtém melhor renda, permitindo maior acesso aos bens de consumo e conforto, além de novos sonhos e expectativas. Segundo recente pesquisa da Nielsen sobre as principais preocupações com as despesas dos brasileiros, ficou demonstrado que “embora a população começou a ganhar mais, ela ainda não aprendeu formas de como criar um bem-estar de médio prazo. É tipicamente um voo de galinha”.
 
De acordo com levantamento, a economia é a quinta maior preocupação dos brasileiros para o periodo de meio ano à frente, depois da saúde, equilíbrio entre trabalho e vida, criminalidade e educação e sustento dos filhos.
 
A questão previdenciária aparece como nona prioridade, num conjunto de doze ítens pesquisados. Vale destacar que uma conduta preventiva em relação ao futuro ultrapassa a mera educação financeira,  demanda que já se mostra importante no momento atual. É preciso também criar programas de incentivos para que as pessoas comecem a pensar e a agir com relação as consequências, no plano pessoal, do aumento da longevidade. Ou seja, que assumam a responsabilidade pelo seu destino nas diferentes etapas da vida.
 
Em algumas culturas, como a dos países dos Emirados Árabes, não existe qualquer sistema público de previdência. A responsabilidade é exclusiva do indivíduo, que desde cedo é educado a assumir esse compromisso. Caso não o faça, será a família que deverá mantê-lo.
 
Em nossa realidade, vale dizer para aqueles que confiam no sistema previdenciário oficial que as perspectivas não são nada animadoras. Portanto, é fundamental buscar, o mais cedo possível, um planejamento que permita uma longevidade saudável em todas as dimensões — material ou emocional — e que, acima de tudo, possa preservar a autoestima.