10/09/12

Precisamos de recompensas

O que nos move e motiva para desafios são as recompensas que recebemos ao longo da vida. Perceba: por mais estressante que seja seu dia, ele será melhor após um cafezinho ou após uma escapadinha para compras. Por mais desgastante que seja sua rotina, férias fazem com que você volte com o fôlego renovado. Recompensas deveriam ser sempre valorizadas. Não é o que acontece quando o assunto é colocar o orçamento em ordem. Diante do aperto no caixa, temos a tendência de cortar o mais fácil de cortar – o gasto variável do orçamento.
 
É aí que se transformam em supérfluos o cafezinho, a manicure, a assinatura de revista, o cinema, os presentinhos, o jantar fora, as férias e a filantropia. Esses itens de consumo não têm nada de supérfluos. Eles são nossas recompensas. Optamos por cortá-los porque descartar outros itens é mais difícil. Quem se arrisca a vender o carro, a casa ou a mudar o plano de saúde para organizar as contas?
 
Isso explica por que poucas pessoas conseguem ficar longe das dívidas. Quando o equilíbrio financeiro nasce como consequência do descarte de recompensas e de um desequilíbrio no bem-estar, inconscientemente passamos a brigar contra essa situação. É como se nosso cérebro perguntasse: é melhor viver em dívidas e frustrado ou endividado e feliz?
 
Nem um nem outro. Por mais complicado que pareça, ajustar os grandes gastos é o caminho para encontrar o equilíbrio. Independentemente de você morar num imóvel próprio ou alugado, sempre há a possibilidade de mudar-se para outro 10% a 15% mais barato. O mesmo vale para carros, telefones, eletrodomésticos, viagens, moda e acessórios. É possível gastar menos sem eliminar totalmente determinados itens de nosso consumo.
 
Se, ao buscar equilíbrio nas contas, cada endividado se dedicasse ao trabalhoso processo de diminuir um ou dois de seus grandes gastos no orçamento, perceberia que é possível gastar menos sem deixar de gastar com prazer. E é importante ressaltar que todo processo de reorganização é potencialmente frustrante. É quando temos de reconhecer erros, assumir algumas perdas e rever o patamar de consumo que adotamos.
 
Nessa situação, recompensar-nos é especialmente importante, para que não nos sintamos punidos e possamos manter o foco na solução do problema. Diminuir o padrão do carro lhe proporcionará o mesmo grau de conforto que você tem hoje? Certamente não. Mas manter aquela verba para continuar aproveitando o carro, mesmo que popular, nos finais de semana, fará de você alguém melhor e mais motivado. Ainda mais com as contas em dia.

Fonte: Revista Época