23/05/14

Saiba como educação financeira pode ser trabalhada nas escolas

 Recorrente em conteúdos de matemática, a educação financeira também pode ser trabalhada de forma interdisciplinar pelos professores do ensino fundamental e médio, inclusive em disciplinas de humanas.

 
Nas aulas de geografia, por exemplo, o tema pode ser ensinado por meio dos conceitos de blocos econômicos, importações e exportações, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), PIB (Produto Interno Bruto), crescimento econômico e desemprego estrutural.
 
Em história, os docentes podem trabalhar a contextualização da função do dinheiro na sociedade; em biologia, noções de sustentabilidade, desenvolvimento econômico versus impactos ambientais. Já em sociologia, pode-se abranger a noção de espaço público.
 
"A educação financeira não precisa ser uma matéria. Ela pode ser desenvolvida em sala de aula pelos professores de qualquer disciplina", analisa Silvia Morais, superintendente da AEF (Associação de Educação Financeira do Brasil). "Faz todo sentido para o tipo de jovem que a gente quer que saia do ensino médio."
 
Experiências nas escolas
 
No colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, o tema é abordado já com os estudantes do terceiro ano do ensino fundamental. Lá as crianças começam a se familiarizar com conceitos do assunto simulando uma feira livre, em que eles trazem produtos, como livros, bijuterias e até alimentos, para serem comercializados com dinheiro fictício. 
 
"Uma criança coloca um brigadeiro no preço ‘x’ e a outra no preço ‘y’. Então elas começam a comprar pelo valor que está mais em conta", diz Maria Cristina Gomide Giglio, coordenadora do Nível I da instituição. "É importante que elas aprendam a lidar com o dinheiro já nas séries iniciais. Elas já são consumistas."
 
O Colégio Faap implantou há três anos projetos especiais optativos. Entre eles está o curso de Inteligência Econômico-Financeira para alunos do ensino médio, ministrado por Sylvie Massaini, professora também de cursos de graduação na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Nele são discutidas questões sobre investimentos, consumo e aposentadoria. Além disso, o curso promove uma iniciação ao "economês", ou seja, ao jargão da economia e alguns conceitos.
 
"Percebo que eles desconhecem muito a questão do consumo. São alunos de alto poder aquisitivo, mas que não têm muita consciência", conta. "Com o curso, eles desenvolvem uma visão do que eles gastam e o que eles podem poupar, mesmo ainda não tendo uma renda fixa."
 
Sylvie também tenta trabalhar o assunto de forma lúdica por meio de um jogo sobre consumo, onde divide a sala em cinco grupos e distribui objetivos, como conforto e diversão.
Plataforma gratuita
 
Foi lançada uma plataforma online e gratuita sobre educação financeira, voltada para o ensino médio. Pelo site, professores e estudantes poderão ter acesso aos livros do programa da Enef (Estratégia Nacional de Educação Financeira).
 
Ao todo, são três blocos divididos pelos temas vida familiar cotidiana, vida social, bens pessoais, trabalho, empreendedorismo, grandes projetos, bens públicos, economia do país e economia do mundo. 
 
"Esse material foi desenvolvido para os três anos do ensino médio e aborda a educação financeira de maneira contemporânea, simples e com um discurso muito próximo do cotidiano dos jovens", afirma Silvia, da AEF-Brasil.
 
Segundo ela, há uma proposta de aplicar o projeto, que foi desenvolvido com a ajuda do Ministério da Educação, também com alunos do ensino fundamental. A iniciativa será aplicada em 820 escolas públicas, buscando envolver 7.380 professores e 164 mil alunos.