Hora de prestar aten é o na economia global
O governo brasileiro considera excessivamente frágeis os últimos sinais de recuperação da economia mundial e vê ameaças concretas de uma nova onda de deterioração. É um diagnóstico feito a partir de conversas na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorreu no início de outubro, em Tóquio, e na do G-20, iniciada neste fim de semana, na Cidade do México.
Ninguém deu muita bola, na equipe econômica, para a expansão de 2% do PIB americano, no terceiro trimestre, a taxas anualizadas. Nem para o crescimento de 1% do Reino Unido, no mesmo período, saindo de três trimestres seguidos de contração. O futuro da China, cujo nível de atividade começa a se estabilizar após sete trimestres consecutivos de desaceleração, também não entusiasma, nem preocupa, as autoridades brasileiras. A aposta é que a meta de 7,5% de expansão será alcançada, sem dificuldades, decepcionando apenas aqueles que se acostumaram a ver sempre crescimento de dois dígitos, mas sem provocar solavancos nos preços das commodities.
O que começa a concorrer com a crise da dívida europeia, no topo das preocupações dos formuladores de Brasília, é a perspectiva de um "abismo fiscal" nos Estados Unidos. Se o Congresso americano não prorrogar uma série de leis que expiram à meia-noite do dia 31 de dezembro de 2012, haverá aumento de impostos e corte de gastos, levando o déficit fiscal a cair pela metade, em 2013. A contrapartida é um provável retorno à recessão.
A crise europeia também esteve no centro dos debates. O G-20 não chegou a analisar detidamente a situação da Grécia, mais a cargo da "troica" (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), que discute se libera uma parcela de € $ 31,5 bilhões ao país. A questão europeia foi avaliada principalmente no âmbito da eficácia dos planos – traçados na cúpula do G-20, em Toronto, há dois anos – de redução de dívida dos países. Nesse ponto, a visão brasileira é de que houve avanços, em termos de ajustes fiscais e de afrouxamento das políticas monetárias. Nada, poré, que tenha levado a uma retomada consistente. Por isso, a própria essência do plano está sendo colocada em xeque.